quinta-feira, 15 de março de 2018

A morte de um revolucionário

A morte de um revolucionário
Nunca é em vão,
Pois não morre calado
Diante seusalgoz,
Pois jamais cai de joelhos.
Continua em teus companheiros,
Através de suas bocas rebeldes,
Tua voz que jamais se cala.
A morte de um revolucionário
Não afoga em sangue seus sonhos,
Ao contrário,
Rega o espírito daqueles que lutam,
Forja a coragem para sempre seguir em frente.
Nem um passo recoaremos.
Teu punho esquerdo erguido
É o nosso punho.
Banhada em sangue
Retiramos do chão
E levantamos bem alto
Tua bandeira.

Eduardo Andrade

Minha solidariedade e meus sentimentos a morte da companheira Marielle.

domingo, 18 de fevereiro de 2018

América Latina

América Latina
Terra de uma história
Escrita nos precipícios
De uma profunda solidão
Que habita nestas fronteiras.
De suas montanhas
Cobertas de neve
Ainda pode-se escutar
O silencioso grito de teu povo,
Tão solitário como
Sua própria história.
Uma grande pátria
Desfragmentada
Em tantas outras
Ilusões de pátria.
América Latina
Terra de cordilheiras
Intransponíveis
Que carrega em seu cerne
A fé de um povo que tem marcado
Em seu corpo,
Em sua alma
A valentia de quem
Construiu em seu coração
Os silenciosos alicerces
Da resistência.
Não somos certamente
Meros coadjuvantes
Diante nossa própria história,
Pois os solitários séculos
De colonização e espoliação de nossa terra
Criaram no povo da América Latina
Uma poderosa rebeldia
Edificada a sangue e fogo.

Eduardo Andrade

terça-feira, 24 de outubro de 2017

Mude

Espero que um dia
Você mude,
Espero que um dia
Eu mude também.
Porque a vida
Só continua quando muda,
O mundo só gira
Quando tudo muda.
O dia muda
E vira noite,
A noite muda
Para virar dia.
A primavera muda
E transforma-se em verão,
Dá mesma forma
Que o outono muda
Para virar inverno.
Então desejo
Que o mundo mude,
Que mude a palavra na tua boca.
Que que as cores de hoje
Mudem para as cores do amanhã.
Espero que mude
Mas não fique mudo,
Que tua voz e teu corpo mudem
Enquanto muda o mundo.

Eduardo Andrade

domingo, 22 de outubro de 2017

Antes de você

Antes de você chegar
Existia um profundo
Vazio dentro de mim,
A realidade era absurda
Com cores nulas,
O som da vida
Era o tom do silêncio
E meus passos vagarosos
Estagnavam meu corpo.
Mas de repente
Você chegou na minha vida
Transformando meu mundo
Numa realidade possível,
Preenchendo meu vazia
Com uma aquarela,
Fazendo música no meu silêncio.
Agora a minha vida
Caminha no ritmo da sua.

Eduardo Andrade

terça-feira, 26 de setembro de 2017

Aqui estou

Aqui estou
Do lado de fora
Sentido frio
Solitário e amargo,
Mas você não consegue
Me sentir.
Aqui estou
De pé na rua
Enxarcado pela chuva
Chorando a vida,
Mas você não pode
Me sentir.
Aqui estou
Despido diante tudo
Olhando o passado
Pelo espelho,
Mas não pode me olhar.
Aqui estou
Sozinho nesse caminho
Tão distante de mim,
Tão perto do absurdo
E você não pode
Me sentir.
Aqui estou
Invisível,
Um grito em silêncio.
Diante ao muro
Sou nulo,
Mas você não consegue
Me ouvir.
Aqui estou
Perdido e ferido,
Diante meus olhos
Tudo é vazio
Sem palavras,
Ausente de cores
E você não pode
Me tocar.


Eduardo Andrade

domingo, 24 de setembro de 2017

De novo

Mais uma vez
Nossas vidas
Seguem caminhos
Opostos,
Impostos
Pelos caprichos
Da vida.
Outra vez
Me afasto de ti
Quebrado
Em diversos
E pequenos pedaços.
Sem mais
Eu parto,
Me reparto,
Renasço
Tentando esquecer
O perfume
Do teu laço.
De novo
Me despeço
Dos teus olhos
Levando
Nos meus olhos
Lágrimas
De quem parte
Em diversas partes
Um amor
Que insistentemente,
Inexorávelmente
Sempre renasce.

Eduardo Andrade

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Contigo

Por essa estrada
Onde percorri
Toda extensão
Da minha solidão
Nunca estive só
Sempre contigo.
Contigo
Desde o primeiro quilômetro,
Por cada cidade,
Subindo cada ladeira,
Percorrendo o limiar da dor,
Porém nunca só.
Contigo
Estive quando tudo
Era mudo
Impossível,
Absurdo,
Porém nunca só.
Contigo
Por serra,
Na terra,
Na rua,
Perdido
Sob a luz da lua,
Porém nunca só.
Contigo
Quando o ponto foi o tombo,
Quando a pedra
Entortou meu orgulho
E a roda da minha bicicleta,
Porém nunca só.
Contigo
Por todas essas
Batalhas que não escolhi,
Através da cansaço
Que paralisava o corpo,
Quando a fome
Interrompeu o sono,
Porém nunca só.
Contigo
Por amor
Apesar da dor,
Sempre contigo.
Contigo
Rumo ao mar,
De frente ao amar,
Atravessei o silêncio
Para te continuar.
Contigo
Sempre contigo
Nunca só.

Eduardo Andrade